Menu
  • Estar no cargo mais alto de uma empresa nunca foi uma tarefa fácil, mas de 2020 para cá, os CEOs têm liderado organizações navegando em um mar agitado de choques sucessivos e incertezas. As constantes mudanças – e a mudança como única constante – estão exigindo inúmeras recalibragens ao longo do caminho, e nessa onda de altos e baixos que ainda dita o cenário macroeconômico, se destaca o líder que estiver mais preparado para encará-la de frente. 

    Vimos na pandemia que muitos comportamentos julgados como o “novo normal” na verdade já estavam sendo previstos como tendências fortes para os anos seguintes, a pandemia só fez acelerar os processos. 

    Os grandes CEOs com visão estratégica que já estavam se preparando para o futuro saíram na frente e surfaram nas oportunidades ao invés de terem sido estrangulados pelas limitações impostas nesse período.

    Para esse momento de desdobramentos, em que muitas empresas ainda tentam entender as novas realidades econômicas, tecnológicas, de compra e fornecimento – podendo não ser tão novas em breve – ter habilidade e visão estratégica para se concentrar e apostar no que realmente importa é o que diferencia os grandes líderes para lidar com o presente e com o futuro cada vez mais próximo na nova mudança.

    As prioridades de grandes líderes

    Resiliência

    Em um cenário de mudanças, ter habilidade de enfrentar adversidades, de suportar pressões e de se adaptar são importantes. Mas, para os líderes, a resiliência é um conceito que deve ser trabalhado em contexto maior, implementada em uma cultura organizacional que mira na preparação para o futuro. 

    Empresas resilientes possuem dois aspectos essenciais em momentos de crise: elas conseguem se antecipar aos problemas e possuem habilidades especiais para agir com velocidade e assertividade na tomada de decisões difíceis. 

    Na prática, essa preparação significa investir em ferramentas de advanced analytics que podem prever cenários e identificar possíveis disrupções; planejar os próximos passos vislumbrando esses cenários potenciais e com posicionamentos menos defensivos; avaliar a flexibilidade que desejam ter em suas cadeias de suprimentos e investir na manutenção e captação de talentos, principalmente nos cargos que geram mais valor. 

    São medidas impostas pelo CEO que ditam o tom organizacional da empresa, preparando equipes e negócios resilientes.

    Coragem estratégica

    Como bancar o perfil de um CEO corajoso para a empresa, colaboradores e clientes, em meio a um clima geral de alerta e posturas mais cautelosas, sem parecer irresponsável? 

    Além da resiliência e da preparação, grandes líderes possuem a natureza de encarar turbulências como oportunidades. Para Liz Hilton Segel é o momento de se perguntar: “o que nos sentimos inspirados a mudar já?”

    Pode ser, por exemplo, a chance ideal para adotar grandes atitudes estratégicas como fusões e aquisições, realocação de recursos, adoção de novo perfil competitivo ou pode ser uma mudança mais comedida e fácil de ser colocada em prática. Como no exemplo do podcast em que um grande banco global reuniu 70 gerentes de países diferentes em meio à crise, para entender o que eles estavam vivenciando em campo. As conclusões se transformaram em ouro para a equipe de vendas, que reformulou sua atuação com base nas tendências extraídas.

    Esse foco no longo prazo que a busca pela resiliência e coragem estratégica pede dos CEOs só é possível com a mudança da mentalidade organizacional, definida pelo tom que o líder impõe com suas ações. 

    Ter uma cultura que analise todos os caminhos disponíveis para o negócio ao invés de aceitar perdas passivamente. E nesses caminhos que exigem ousadia para ingressar, podem estar oportunidades de expansão com a implementação de novos negócios, nossa próxima prioridade.

    Visão para novos negócios

    Nos últimos anos surgiram inúmeras tendências de consumo e comportamento adjacentes dos choques globais e das profundas mudanças estruturais deixadas. 

    Aceleração da transformação digital, trabalho híbrido, sustentabilidade na agenda principal, saúde mental em foco, segurança alimentar, segurança energética, moda de recessão, alimentação plant-based, inteligências artificiais – e poderíamos continuar essa longa lista de pautas que você provavelmente deve ter visto com mais frequência nos últimos três anos.

    A velocidade em identificar oportunidades e de implementar novos negócios é o pulo do gato das empresas que querem ser as primeiras a ofertar soluções para novos comportamentos. E com tantas revoluções eclodindo no mercado, o momento é propício. 

    O que serve hoje pode não servir amanhã e diversificar seus negócios também é fundamental para a sobrevivência. De acordo com pesquisa da própria McKinsey, oito em cada dez CEOs hoje veem os novos negócios como uma prioridade. 

    E como os melhores líderes estão construindo essa ponte para novos negócios? Primeiramente, se aproximando do consumidor. Grandes CEOs não têm medo de investir em pesquisas, visitar lojas, conversar com colaboradores de todos os níveis, bater papo com os clientes. Entender as necessidades do novo momento, do novo consumidor, e identificar as carências do mercado são fundamentais para traçar o que o novo negócio deve atender.

    Veja o caso do Paypal, que está em nono lugar na lista das dez empresas que mais cresceram na pandemia. O pioneiro dos pagamentos online encontrou maior relevância nesse período lançando novos recursos para os comerciantes lidarem com pagamentos sem contato em lojas físicas. Isso fez US$65,4 bilhões (R$343 bilhões) serem adicionados no valor de mercado da empresa. 

    Essa assertividade em oferecer algo que as pessoas estão buscando, de fazer com velocidade e de criar valor agregado para a nova função deve ser uma missão pessoal do CEO. Abraçando e defendendo a iniciativa, definindo a visão, a aspiração, o perfil de investimento dessa aspiração, e concedendo ao novo negócio certo grau de autonomia.

    E para responder à pergunta lá de cima, como bancar toda essa postura sem despertar receio da empresa e dos clientes? Assumindo riscos, tomando decisões difíceis com rapidez e se preparando para estar à frente dos acontecimentos, o que exige, além de resiliência e coragem, um apoio na segurança dos dados. Sim, os dados podem mudar a qualquer momento devido a choques imprevisíveis como um novo vírus, mas continuam seguros até mesmo nos momentos de maior inquietação dos cenários. 

    O que nos leva a nossa próxima prioridade: tecnologia e sistemas.

    Abraçar a tecnologia

    Essa prioridade, na verdade, já está nas listas de boas ações dos líderes há muitos anos, mas com qual foco ela aparece nesse momento? 

    O desafio está justamente na condução da transformação digital. Muitas empresas que investiram em tecnologia ainda não conseguem extrair valor agregado ou financeiro diretamente ligado às suas ações nesse sentido. Tecnicamente se sabe o que fazer, mas falta um elo prático e estratégico para ver as transformações funcionando.

    Cabe aos CEOs ter habilidade de uma condução mais certeira dos processos e de manter a mentalidade empresarial voltada a esses esforços. Entender o que realmente funciona e o que não está contribuindo para a melhoria dos processos e crescimento da empresa, questionar os gargalos de talentos, de modelo operacional, de ferramentas, gestão de dados e qualquer dificuldade em conduzir o roadmap inicial com a rapidez prevista e com a premissa traçada. 

    Nesse emaranhado, as atenções voltadas para a implementação de ferramentas de dados são capazes de mostrar direções mais claras e gerar valor mais palpável no atual momento de incertezas. Ter a confiança de prever cenários, avaliar caminhos, gerenciar riscos, prospectar clientes, conseguir ofertar serviços e produtos para a pessoa certa na empresa certa de forma automatizada e segura, é o que junto com o talento pessoal para a liderança, faz um CEO diferenciado no mundo atual. 

    E ainda nem falamos sobre como essas ferramentas são de suma importância para a transformação verde das empresas.

    Avançar com a sustentabilidade

    Gerenciar a crise climática é o grande desafio de nosso tempo e os bons CEOs já mudaram a mentalidade de encarar o tema como custo e mais como investimento. E com mente de investidor definir onde o pioneirismo é possível nessa área, principalmente rumo à solução do net-zero. 

    As oportunidades hoje se concentram com investimentos em sistema de energia limpa e sustentável no transporte, eletrificação, micromobilidade, infraestrutura para veículos elétricos ou a hidrogênio e aviação, para citar alguns. Aqui novamente o poder de resiliência se mostra fundamental para que as ações sejam seguras e de custo acessível.

    Mas, saindo do foco da pegada de carbono, a sustentabilidade ainda se apresenta como um desafio em várias etapas para as empresas de todos os tamanhos. Desde a produção, até a oferta dos produtos, passando por toda a cadeia de fornecedores qualificados. 

    E como prometemos, temos que mencionar a importância da automatização de dados e das ferramentas digitais disponíveis hoje, capazes de facilitar todos esses processos, além de mitigar riscos. Com um sistema bem completo, os CEOs têm nas mãos as informações necessárias de tendências, parceiros, clientes e fornecedores para manter uma escala completamente verde em todas as etapas de sua empresa, com custo reduzido e confiança nos envolvidos.

    Se quisermos ainda olhar para a proteção da natureza como um todo – e não só queremos, como precisamos – essa escala ainda envolve oportunidades pontuais e específicas como o redirecionamento dos materiais e alimentos desperdiçados na produção, o desenvolvimento de embalagens retornáveis, biodegradáveis e sem plástico, a implementação de uma agricultura regenerativa… Tudo o que for positivo para o meio ambiente, se torna positivo e valor agregado para a empresa.

    Um novo olhar para os talentos

    Chegando em nossa última prioridade, vamos falar sobre as pessoas que gerenciam e dão forma a tudo que falamos anteriormente, para entender o que os melhores líderes estão fazendo de diferente no mercado de talentos.

    Um primeiro sinal de mudança nesse setor é a revolução das habilidades, que acontece com a nova mentalidade de priorizar as competências dos candidatos, ao invés da formação, grau de instrução ou anos de experiências. O potencial e os resultados efetivos devem falar mais alto do que outros parâmetros clássicos que foram utilizados ao longo dos anos.

    E isso se conecta com outra tendência do momento, que é a experimentação de novas formas de trabalho. Home office, híbrido, jornada reduzida. Apesar de muitas empresas terem conduzido uma importante iniciativa de adotar o trabalho remoto nos primeiros dias da pandemia, agora elas estão organizando a volta física aos escritórios, aumentando as tensões com a equipe e com alguma perda de talentos no processo. 

    Existe muita experimentação nessa área, que deve se expandir ainda mais com a Inteligência Artificial, Metaverso e inflação batendo na porta. A mudança de mentalidade nesse sentido deve ser estudada pelo CEO, rumo a um novo conjunto de culturas e normas. As empresas que investirem nessa meta vão conquistar novos níveis de produtividade global, além de saírem na frente de empresas que ficarão presas no modelo antigo.

    Os fatores mencionados anteriormente também colocam os tradicionais métodos de aprendizagem de cima para baixo em cheque. Hoje, a inovação está na aprendizagem bidirecional. E nessas tantas revoluções, a contribuição da nova geração extremamente autodidata, nichada e digital se torna cada vez mais valiosa para as organizações.

    De quiet quitting a quiet firing: employer branding é a solução.

    A zona de conforto não existe mais

    Frases de efeito sobre sair da zona de conforto, hoje se tornaram completamente sem sentido para CEOs, pois não conhecemos mais tal limite. Os movimentos globais estão funcionando de forma que os grandes líderes busquem muito além da zona do desconforto. 

    Quem tiver coragem, resiliência e visão estratégica para implementar mudanças que hoje pareçam assustadoras vai estar preparado não somente para o presente e futuro próximo, mas para todas as revoluções que hão de vir. E o horizonte promete muito mais.