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  • Os últimos dois anos foram de histeria no mercado das commodities. Presenciamos crises sanitárias, climáticas, políticas e inflacionárias que resultaram em um boom impactante nos preços das mercadorias. 

    Agora, enquanto o mundo volta a se organizar, o que podemos esperar do cenário para o resto do ano? E como as empresas podem se preparar para o futuro?

    O surpreendente boom pós-pandêmico e seus impactos

    No primeiro semestre de 2020, era grande o temor que os movimentos de lockdown e redução no crescimento econômico mundo afora provocassem uma queda nos preços das commodities. Mas, passado o choque inicial, o que se viu foi justamente o contrário: os preços passaram a subir com uma maior demanda global por matéria-prima após o período mais duro da pandemia. 

    Apesar dos rompimentos das cadeias de suprimentos, pelas medidas de isolamento social e pelas restrições às exportações por parte de alguns países, o comércio internacional de commodities manteve-se firme e aquecido. Na agricultura, houve alta demanda nos países emergentes, com destaque para a China e demais países asiáticos. 

    Países-chave como Estados Unidos, Argentina, Austrália e Índia, sofreram problemas localizados de oferta, com estoques globais de commodities em níveis muito baixos. 

    As restrições de produção e a escassez de mão de obra, por sua vez, aumentaram os custos de transporte e distribuição, que resultaram na escalada de preços dos combustíveis. A pronta recuperação das grandes economias com a aceleração da vacinação em massa e redução das medidas de lockdown também impulsionou a demanda por alimentos, tendo em vista a preocupação dos países em garantir segurança alimentar para seus habitantes. 

    Todos esses movimentos, somados a quebras de safras, peste suína na China e outros fatores surpresas, culminaram no pico recente em março de 2022, quando os preços estavam 59% acima do valor base do indicador (média de 2014 a 2016) e 72% superior ao de abril de 2020. 

    Entre as surpresas e eventos inesperados que marcaram o ano, entram a guerra na Ucrânia e outras tensões geopolíticas que provocaram um choque de logística e escassez. Com o conflito na Europa, parte da produção global de grãos foi comprometida e as sanções dos países do Ocidente à Rússia afetaram a distribuição do petróleo e do gás da região.

    Quem paga a conta?

    No entanto, nem tudo que vem se colhendo é positivo. O boom das commodities também revelou pontos fracos dessa cadeia que são sensíveis e que devem ser encarados como desafios. 

    Um deles é o aumento dos preços em reais das commodities e o impacto inflacionário de alimentos e bebidas que atinge as populações mais frágeis, principalmente a grande quantidade de brasileiros que se encontra em situação de insegurança alimentar, após as perdas de renda e emprego na pandemia. 

    Os clientes e consumidores domésticos também sofrem com a alta dos preços em reais. O novo custo do milho e da soja, por exemplo, encareceram significativamente o custo das rações para produção de aves, suínos, ovos, leite e pescados. A prosperidade dos produtores de grãos anda junto com o estrangulamento das margens dos produtores de proteínas animais. Sem falar no aumento generalizado dos preços da terra, arrendamentos, máquinas e insumos. 

    E os desafios não param por aí. Não se trata apenas de garantir segurança alimentar e controlar a inflação. Os consumidores de hoje esperam que sua comida e bebida cheguem à mesa a partir de ingredientes saudáveis e produzidos de forma sustentável por empresas que compartilham os seus valores.

    Commodities inovadoras para os novos consumidores 

    Os impactos que a produção em larga escala trouxe para o planeta não passam mais despercebidos pelos consumidores, cada vez mais informados e conectados com todos os processos da cadeia do seu consumo, principalmente com o próprio início. A agenda ESG (Environmental, Social and Governance) é um caminho sem volta, tanto para os consumidores quanto para os produtores, empresas ponte entre os produtores e os produtos nas prateleiras, e investidores. 

    As boas práticas ambientais, sociais e de governança medidas pelo ESG se tornaram indispensáveis em todo o mundo e irrevogáveis para essa geração que prioriza empresas responsáveis com a sociedade e o meio ambiente.

    Dessa forma, o consumidor tem atuado como agente condutor de uma revolução no mercado de commodities como um todo. Além de alimentos saudáveis, cresce a preocupação com o bem-estar animal, energia limpa e os impactos de produção, como os desastres ambientais causados por barragens de mineração. 

    Diversos setores desse mercado já estão se adaptando a essas novas exigências, o que envolve a implementação de novas tecnologias. Sistemas capazes de alcançar a rastreabilidade de toda a cadeia de suprimentos direta e indireta, para garantir players livres de práticas ilegais, de desmatamento, de maus tratos a animais, de condições precárias de trabalho e outros, se tornaram imprescindíveis em empresas que querem implementar e se comunicar como marcas sustentáveis e alinhadas ao novo consumo.

    Influenciados pela crescente onda da alimentação plant-based, produtores também têm investido no desenvolvimento de novas sementes com alto teor de óleo ou proteína. A soja, ervilha, grão de bico, beterraba e jaca, por exemplo, já são utilizados para a produção de hambúrgueres, coxinhas, carne moída… tudo à base de plantas, acompanhando um mercado que cresce de 10% a 15% ao ano.

    O momento é muito positivo para empresas que saibam aproveitar essas oportunidades, como investir na criação de produtos inovadores e de alto valor agregado com sabores, texturas, aromas e composição nutricional para essa categoria ainda em desenvolvimento. 

    Até onde vai o boom?

    Desaceleração deve ser a palavra a definir o quadro geral de 2023  e futuro próximo, mas ainda com um bom otimismo. Desde o pico em março de 2022, os preços têm se reduzido, dada a boa recuperação da oferta de alguns países e políticas locais adotadas para conter a alta de preços.

    A economia dos Estados Unidos também está em foco, com o Fed (Federal Reserve – o banco central americano) mais ativo e com uma política monetária restritiva para conter a escalada da inflação. Inclusive, EUA, zona do euro, Reino Unido e Canadá já sobem juros desde 2021, todos enfrentando os maiores níveis de inflação em 40 anos. A tendência, portanto, é o baixo crescimento mundial e consumo reduzido, apesar de não haver muita elasticidade nas demandas das commodities de alimentos.

    A China, mesmo dando sinais de desaceleração, vem flexibilizando suas duras políticas de combate a Covid 19, que restringe seriamente a mobilidade. Tudo indica que o país tem dado sinais de abertura e causado otimismo em relação às commodities de influência chinesa, especialmente importantes para o Brasil. Já no nosso caso, continuamos em uma ótima fase. 

    O mundo aprendeu a contar com o Brasil e segue impressionado pela nossa capacidade de produção. O agro continua forte e crescendo. Na mineração, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) também vê o quadro com otimismo, devido à alta fora do comum na pandemia. Mesmo com os preços se acomodando, ainda estamos no lucro. 

    Na análise geral, mesmo com sua força diminuindo, o boom pós-pandemia é diferente e trouxe novos desafios e oportunidades para o mercado. 

    Com temas de segurança alimentar e energética ganhando força, com a oportunidade dos produtores de reorganizar suas cadeias de suprimentos para suprir novas necessidades do consumidor, com o Brasil no foco da oferta e com a sustentabilidade na ponta dos projetos. 

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